BIOGRAFIA
Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1958 — Rio de Janeiro, 7 de julho de 1990) foi um cantor, compositor, poeta e escritor brasileiro. Ganhou fama como vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho. Sua parceria com Roberto Frejat foi criticamente aclamada. Dentre as composições famosas junto ao Barão Vermelho estão "Todo Amor que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul".
Cazuza é considerado um dos maiores compositores da música brasileira. Dentre seus sucessos musicais em carreira solo, destacam-se "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia", "Brasil", "Faz Parte Do Meu Show", "O Tempo Não Para" e "O Nosso Amor a Gente Inventa". Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo declarado em entrevistas que era bissexual. Em 1989 declarou ser soropositivo (termo usado para descrever a presença do vírus HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS - no sangue) e sucumbiu à doença em 1990, no Rio de Janeiro.
Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Cazuza na 34ª posição.
Infância e adolescência
Filho de João Araújo (1935-2013), produtor fonográfico, e de Lucinha Araújo (1936), Cazuza recebeu o apelido mesmo antes do nascimento. Agenor, seu verdadeiro nome foi recebido por insistência da avó paterna. Na infância, Cazuza nem sequer sabia seu nome de batismo, por isso não respondia à chamada na escola. Só mais tarde, quando descobre que um dos compositores prediletos, Cartola, também se chamava Agenor (na verdade, Angenor, por um erro do cartório), é que Cazuza começa a aceitar o nome.
Cazuza sempre teve contato com a música. Influenciado desde pequeno pelos grandes nomes da música brasileira, ele tinha preferência pelas canções dramáticas e melancólicas, como as de Cartola, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Maysa e Dalva de Oliveira. Era também grande fã da roqueira Rita Lee, para quem chegou a compor a letra da canção "Perto do fogo", que Rita musicou. Cazuza cresceu no bairro do Leblon e estudou no Colégio Santo Inácio até mudar para o Colégio Anglo-Americano, para evitar reprovação. Como os pais às vezes saíam à noite, o filho único ficava na companhia da avó materna, Alice. Por volta de 1965 começou a escrever letras e poemas, que mostrava à avó. Graças ao ambiente profissional do pai, Cazuza cresceu em volta dos maiores nomes da música popular brasileira, como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros. A mãe, Lucinha Araújo, também cantava e gravou três discos.
Em 1972, tirando férias em Londres, Cazuza conheceu as canções de Janis Joplin, Led Zeppelin e Rolling Stones, e logo tornou-se um grande fã. Por causa da promessa do pai, que disse que lhe presentearia com um carro caso ele passasse no vestibular, Cazuza foi aprovado em Comunicação em 1976, mas desistiu do curso três semanas depois. Mais tarde começou a frequentar o Baixo Leblon, onde levou uma vida boêmia. Assim, João Araújo criou um emprego para ele na gravadora Som Livre, da qual foi fundador e presidente. Na Som Livre, Cazuza trabalhou no departamento artístico, onde fez triagem de fitas de novos cantores. Logo depois trabalhou na assessoria de imprensa, onde escreveu releases para divulgar os artistas. No final de 1979 fez um curso de fotografia na Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos. Lá, descobriu a literatura da Geração Beat, os chamados poetas malditos, que mais tarde teria grande influência na carreira. Em 1980 retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador. Foi nessa época que Cazuza cantou em público pela primeira vez. O cantor e compositor Léo Jaime, convidado para integrar uma nova banda de rock de garagem que se formava no bairro carioca do Rio Comprido não aceitou, mas indicou Cazuza aos vocais. Daqueles ensaios na casa do tecladista Maurício Barros, nasceu o Barão Vermelho.
Barão Vermelho
O Barão Vermelho, que até então era formado por Roberto Frejat (guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria), gostou muito do vocal berrado de Cazuza. Em seguida, Cazuza mostra à banda letras que havia escrito e passa a compor com Roberto Frejat, formando uma das duplas mais festejadas do rock brasileiro. Dali para frente, a banda que antes só tocava covers passa a criar um repertório próprio. Após ouvir uma fita demo da banda, o produtor Ezequiel Neves convence o diretor artístico da Som Livre, Guto Graça Mello, a gravar a banda. Juntos convencem o relutante João Araújo a apostar no Barão.
Com uma produção barata e gravado em apenas dois dias, é lançado em 1982 o primeiro álbum da banda, Barão Vermelho. Das canções mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", "Ponto Fraco", "Down Em Mim" e "Todo Amor Que Houver Nessa Vida". Apesar de ser aclamado pela crítica, o disco vendeu apenas sete mil cópias. Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio e com uma melhor produção gravou o disco Barão Vermelho 2, lançado em 1983. Esse disco vendeu 15 mil cópias. Foi nessa fase que, durante um show no Canecão, Caetano Veloso apontou Cazuza como o maior poeta da geração e criticou as rádios por não tocarem a banda. Na época as rádios só tocavam pop brasileiro e MPB. O rótulo de "banda maldita" só abandonou o Barão Vermelho quando o cantor Ney Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz". Era o empurrão que faltava, e a banda ganhou vida pública própria.
Maior Abandonado e Rock in Rio
A banda foi convidada a compor e gravar o tema do filme Bete Balanço. A canção-título tornou-se um dos grandes clássicos da banda, impulsionando o filme que vira sucesso de bilheteria. A canção também impulsionou as vendas do terceiro disco do Barão, Maior Abandonado, lançado em outubro de 1984, que conquistou disco de ouro, registrando outras composições como "Maior Abandonado" e "Por Que a Gente é Assim?". Em 15 e 20 de janeiro de 1985, o Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock in Rio. A apresentação da banda no quinto dia tornou-se antológica por coincidir com a eleição do presidente Tancredo Neves e com o fim da Ditadura Militar. Cazuza anunciou esse fato ao público presente e para comemorar, cantou "Pro Dia Nascer Feliz".
"Não divido nada, muito menos o palco"
Cazuza deixou a banda a fim de ter liberdade para compor e se expressar, musical e poeticamente. Em julho de 1985, durante os ensaios do quarto álbum, Cazuza deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo. Suspeita-se que nesse mesmo ano começou a ter febre diariamente, indícios da AIDS que se agravaria anos depois. Ezequiel Neves (faleceu no dia 7 de julho de 2010), que trabalhou com o Barão, dividiu-se entre a banda e a carreira solo de Cazuza. "Fui 'salomônico'", declarou em entrevista ao Jornal do Commercio, em 2007, quando Cazuza completaria 49 anos.
Carreira solo
Exagerado e Só Se For A Dois
Em agosto de 1985, Cazuza é internado para ser tratado por uma pneumonia. Cazuza exigiu fazer um teste de HIV, do qual o resultado foi negativo. Em novembro de 1985 foi lançado o primeiro álbum solo, Exagerado. "Exagerado", a faixa-título composta em parceria com Leoni, se torna um dos maiores sucessos e marca registrada do cantor. A canção "Só As Mães São Felizes" foi vetada pela censura. Gravou o segundo álbum no segundo semestre de 1986; como a Som Livre rompeu com seu elenco de artistas, Só Se For A Dois foi lançado pela PolyGram (agora Universal Music Group) em 1987. Logo depois, a PolyGram contratou Cazuza. Só Se For A Dois mostrou temas românticos como "Só Se For A Dois", "O Nosso Amor A Gente Inventa", "Solidão Que Nada" e "Ritual".
Ideologia e O Tempo Não Pára
A AIDS se manifestou em 1987; Cazuza foi internado com pneumonia, e um novo teste revelou que o cantor era portador do vírus HIV. Em outubro, Cazuza foi internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, para ser tratado por uma nova pneumonia. Em seguida, ele é levado pelos pais aos Estados Unidos. Lá, foi submetido a um tratamento a base de AZT durante dois meses no New England Hospital, de Boston. Ao voltar ao Brasil no começo de dezembro de 1987, Cazuza inicia as gravações para um novo disco. Ideologia de 1988, inclui os hits "Ideologia", "Brasil" e "Faz Parte Do Meu Show". "Brasil", em versão de Gal Costa foi tema de abertura da telenovela Vale Tudo, da Rede Globo e ganhou premio Sharp por melhor musica do ano e melhor composição pop-rock do ano (Cazuza, George Israel e Nilo Romero).
Os shows se tornam mais elaborados e a turnê do disco Ideologia, dirigido por Ney Matogrosso, viajou por todo o Brasil. O Tempo Não Pára, gravado no Canecão durante esta turnê, foi lançado em 1989. O disco se tornou o maior sucesso comercial superando a marca de 500 mil cópias vendidas. A faixa "O Tempo Não Pára" tornou-se um de seus maiores sucessos. Também destacam-se "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" com um novo arranjo mais introspectivo, "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte Do Meu Show". "O Tempo Não Pára" também foi lançado em VHS pela Globo.
Burguesia
Em fevereiro de 1989 Cazuza declarou publicamente que era soropositivo, ajudando assim a criar consciência em relação à doença e aos efeitos dela. Compareceu na cerimônia do Prêmio Sharp numa cadeira de rodas, e recebeu os prêmios de melhor canção para "Brasil" e de melhor álbum para Ideologia. Burguesia (1989) foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e com a voz nitidamente enfraquecida. É um álbum duplo de conceito dual, sendo o primeiro disco com canções de rock brasileiro e o segundo com canções de MPB. Burguesia foi o último disco gravado por Cazuza e vendeu 250 mil cópias. Cazuza recebeu o Prêmio Sharp póstumo de melhor canção com "Cobaias de Deus".
Morte
Em outubro de 1989, depois de quatro meses a base de um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza partiu novamente para Boston, onde ficou internado até março de 1990 voltando assim para o Rio de Janeiro. No dia 7 de julho de 1990, Cazuza morre aos 32 anos por um choque séptico causado pela AIDS. No enterro compareceram mais de mil pessoas, entre parentes, amigos e fãs. O caixão, coberto de flores e lacrado, foi levado à sepultura pelos ex-companheiros do Barão Vermelho. Cazuza foi enterrado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Sobre o tampo de Mármore do túmulo aparece o título de seu último grande sucesso, "O Tempo Não Para", e as datas de seu nascimento e morte. Em sua lápide nada consta além de seu famoso codinome. . No ano seguinte, foi lançado o álbum póstumo Por aí.
Legado
Em apenas nove anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes. Após sua morte, os pais fundaram a Sociedade Viva Cazuza, em 1990. A Sociedade Viva Cazuza tem como intenção proporcionar uma vida melhor a crianças soropositivas através de assistência à saúde, educação e lazer. Em 1997, a cantora Cássia Eller lançou o álbum Veneno AntiMonotonia, que traz somente composições de Cazuza
As canções de Cazuza já foram reinterpretadas pelos mais diversos artistas brasileiros dos mais diversos gêneros musicais. A Som Livre realizou o show Tributo a Cazuza, em 1999, posteriormente lançado em CD e DVD, do qual participaram Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Leoni. No ano 2000 foi exibido no Rio de Janeiro e em São Paulo o musical Casas de Cazuza, escrito e dirigido por Rodrigo Pitta, cuja história tem base nas canções de Cazuza. Em 2004 foi lançado o filme biográfico Cazuza - O Tempo Não Pára de Sandra Werneck.
Artistas relacionados
Dentre diversos artistas relacionados a Cazuza, estão: Simone ("O Tempo Não Pára" e "Codinome Beija-Flor"); Leoni (com quem compôs o maior sucesso, "Exagerado"); George Israel (com quem compôs "Brasil", "Solidão que nada" e mais 13 canções); Léo Jaime (que apresentou Cazuza para a banda Barão Vermelho quando esta já estava formada e precisando de um vocalista para completar a banda); Lobão, tanto pela amizade com Cazuza quanto pela influência de um em outro, por ter sido grande inspiração no começo da carreira ; Cássia Eller por ter sido a intérprete que mais gravou canções de Cazuza; Arnaldo Antunes pela influência marcante; Bebel Gilberto pela amizade e parceria em algumas canções; Rita Lee, parceira na canção "Perto do Fogo", última que ele escreveu antes de morrer e primeira que ela gravou em seu disco de 1990; Ney Matogrosso, por ter sido namorado e amigo que lhe dirigiu nos shows "Ideologia" e "O Tempo não Para"; Renato Russo, por ter homenageado duas vezes o ex-vocalista do Barão e ter sido amigo, (com a canção em inglês Feedback Song For a Dying Friend e com a regravação de Quando Eu Estiver Cantando no show Viva Cazuza, em 1990); e Frejat, por ter sido um grande amigo e seu principal parceiro em composições musicais.
(Fonte: Wikipedia)
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DISCOGRAFIA
Exagerado - 1985
01. Exagerado
02. Medieval II
03. Cúmplice
04. Mal Nenhum
05. Balada De Um Vagabundo
06. Codinome Beija-flor
07. Desastre Mental
08. Boa Vida
09. Só As Mães São Felizes
10. Rock Da Descerebração
Zippyshare.
Só Se For a Dois - 1987
01. Só Se For a Dois
02. Ritual
03. O Nosso Amor A Gente Inventa
04. Culpa De Estimação
05. Solidão Que Nada
06. Completamente Blue
07. Vai Á Luta
08. Quarta-Feira
09. Heavy Love
10. Lobo Mau da Ucrania
11. Balada Do Esplanada
Ideologia - 1988
01. Ideologia
02. Boas Novas
03. O Assassinato Da Flor
04. A Orelha De Eurídice
05. Guerra Civil
06. Brasil
07. Um Trem Para As Estrelas
08. Vida Fácil
09. Blues Da Piedade
10. Obrigado (Por Ter Se Mandado)
11. Minha Flor, Meu Bebê
12. Faz Parte Do Meu Show
O Tempo Não Para (Ao Vivo) - 1988
01. Vida Louca, Vida
02. Boas Novas
03. Ideologia
04. Todo Amor Que Houver Nessa Vida
05. Codinome Beija-Flor
06. O Tempo Não Para
07. Só As Mães São Felizes
08. O Nosso Amor A Gente Inventa
09. Exagerado
10. Faz Parte Do Meu Show
Burguesia - 1989
01. Burguesia
02. Nabucodonosor
03. Tudo É Amor
04. Garota De Bauru
05. Eu Agradeço
06. Eu Quero Alguem
07. Bany Lonest
08. Como Já Dizia Djavan
09. Perto Do Fogo
10. Cobaias De Deus
11. Mulher Sem Razão
12. Por Quase Um Segundo
13. Filho Único
14. Preconceito
15. Esse Cara
16. Azul e Amarelo
17. Cartão Postal
18. Manhatã
19. Bruma
20. Quando Eu Estiver Cantando
Por Aí - 1991
01. Não Há Perdão Para o Chato
02. Paixão
03. Portuga
04. Hei Rei
05. Camila, Camila
06. Por Aí
07. Andróides Sem Par
08. Cavalos Calados
09. Summertime
10. Oriental
11. O Brasil Vai Ensinar Ao Mundo
O Poeta Está Vivo (Ao vivo No Teatro Ipanema 1987) - 2005
01. Só Se For a Dois
02. Heavy Love
03. Todo Amor Que Houver Nessa Vida
04. Vai à Luta
05. Completamente Blue
06. O Nosso Amor a Gente Inventa
07. Ritual
08. Codinome Beija-flor
09. Um Trem Para As Estrelas
10. Quarta-Feira
11. Solidão, Que Nada
12. Bete Balanço
13. Brasil
14. Por Que a Gente É Assim
15. Exagerado
16. Lobo Mau da Ucrania
17. Pro Dia Nascer Feliz
18. Maior Abandonado
Muito bom!
ResponderExcluirObrigado.
ResponderExcluirShow de bola.Valeu mano.
ResponderExcluirMuito bom....obrigado
ResponderExcluirmesmo assim, parabens pelo blog. obg pelas musicas.
ResponderExcluirObrigado por disponibilizar a boa obra do eterno Cazuza.
ResponderExcluirmuinto obrigado
ResponderExcluirIndiscutível! Cazuza, é sempre Cazuza. Obrigado por disponibilizar esta discografia antológica do poeta! Vou ouví-la com carinho, pois faz um bom tempo que vinha procurando. Viva Cazuza!
ResponderExcluirESTA COM SENHA NAO CONSIGO COMPACTAR
ResponderExcluirobrigadão, grato....
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